No topo absoluto da cadeia alimentar, os seres humanos se dão ao luxo de comer de tudo, mas a um preço elevado: a pesca maciça está levando as espécies marinhas à extinção, e a piscicultura polui a água, o solo e a atmosfera. Precisamos mudar nossos hábitos se quisermos continuar com uma planeta saudável, se ainda houver tempo para isso.
Alimentar a humanidade de nove bilhões de indivíduos até 2050, previsões da ONU, exigirá uma adaptação de nosso comportamento. Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) a produção mundial de carne deverá dobrar para atender à demanda mundial, chegando a 463 milhões de toneladas por ano.Um chinês que consumia 13,7 kg de carne em 1980, por exemplo, hoje come em média 59,5 kg por ano.
Atualmente, a agricultura produz 4.600 quilocalorias por dia e por habitante, o suficiente para alimentar seis bilhões de indivíduos. Deste total, no entanto, 800 se perdem no campo, 1.500 são dedicadas à alimentação dos animais - que só restituem em média 500 calorias na mesa - e 800 são desperdiçadas nos países desenvolvidos. Por outro lado, o gado custa caro ao meio ambiente: 8% do consumo de água, 18% das emissões de gases causadores do efeito estufa (mais que os transportes) e 37% do metano (que piora o aquecimento do clima) emitido pelas atividades humanas.
E, mesmo que seja fonte essencial de proteínas, a carne bovina não é "rentável" do ponto de vista alimentar: "são necessárias três calorias vegetais para produzir uma caloria de carne de ave, sete para uma caloria de porco e nove para uma caloria bovina", explicou Guyomard. Desta maneira, mais de um terço (37%) da produção mundial de cereais serve para alimentar o gado - 56% nos países ricos - segundo o World Ressources Institute.
Seria o caso, então, de reduzir o consumo de carne e substituí-lo pelo peixe? Não, pois os oceanos não podem ser considerados uma fonte inesgotável, estimou Philippe Cury, diretor de pesquisas do IRD. O número de pescadores é duas ou três vezes superior à capacidade de reconstituição das espécies. No atual ritmo, a totalidade das espécies comerciais haverá desaparecido em 2050.
Fonte:http://veja.abril.com.br/agencias/afp/veja-afp/detail/2010-02-23-921332.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário